Blog Academia Concerto

A canção de Tom Jobim já dava uma pista de um dos problemas possíveis para a desafinação:

“Se você disser que eu desafino, amor

Saiba que isso em mim provoca imensa dor

Só privilegiados tem ouvido igual ao seu

Eu possuo apenas o que Deus me deu”

Porém, ter ouvido pouco sensível ou destreinado para a música não é a única causa da desafinação do seu coro!

O Regente Coral precisa estar atento para administrar as muitas possibilidades que colaboram para o som pouco ajustado. Além disto, ter a consciência que: permitir que o coro continue produzindo esse tipo de resultado insatisfatório não contribui para o desenvolvimento vocal do grupo e resulta em inúmeros problemas de desafinação, desde os primeiros ensaios até a apresentação.

Algumas palavras que esclarecem significados para o verbo “desafinar”, relevantes para o contexto que será abordado: desacordo, desregulado, desarranjado, destoado, desarmônico, desequilibrado.

Há uma incrível demanda por qualidade em todas as áreas do conhecimento humano em nossos dias. No caso do Brasil, recrutadores e caçadores de talentos se desdobram em busca dos especialistas mais qualificados, que saibam equilibrar a eficácia com a eficiência. E esses profissionais são muito raros por aqui!

Se solicitamos uma prestação de serviço e o resultado da assistência técnica não é o esperado, ou tem baixa qualidade, não asseguram garantias, imediatamente iremos para o nível emocional correspondente: o da frustração.

Por que nos submetemos ao raso quando o assunto é qualidade musical do coro?

Afinação Coral

Você seria capaz de identificar as possíveis causas da desafinação do seu coro?

Partindo do princípio que, em muitos casos, os motivos não são conhecidos pelos próprios regentes, organizei aqui alguns pontos que observei ao longo de nossa experiência na Academia Concerto com coros não profissionais.

Estes 5 pontos (nesta Parte 1) devem servir  apenas para diagnóstico e não para argumento que justifique as desculpas do mau desempenho do coro.

1


Emissão da voz de maneira diversa e sem padronização. Cada um emite o som preferido e na intensidade preferida. Ninguém se ouve e não há a mínima preocupação em fazer um “blend de vozes”. Seria como ter num mesmo naipe cantores com voz de cabeça, outros com emissão anasalada e ainda outros com emissão baixa, na garganta. Cantam sem coordenação e sem abrir mão de mostrar seu potencial pleno! O resultado é o caos.

2


Falta de apoio diafragmático e consequente falta de suporte da condução da coluna de ar, principalmente nas vogais que devem sustentar as notas longas no final das frases. Você não sabe o que é isso? Está na hora de estudar técnica vocal!

3


Colocação baixa para a voz cantada, pelo desconhecimento ou falta de orientação adequada do regente. É preciso conhecer como a voz cantada é produzida para orientar pedagogicamente seus cantores. Procure se informar sobre este assunto. Aqui está chave para resolução dos fatores que colaboram para a desafinação coral. Aqui você encontra mais orientações.

4


Acústica da sala de ensaio ou do local de apresentação inadequado. Esse é um assunto pouquíssimo considerado especialmente na realidade brasileira. No decurso do nosso trabalho semanal apenas seguimos, trabalhando onde é possível, onde nos mandam. Diálogos a espeito do melhor local são raros e os argumentos mais técnicos são praticamente desconhecidos pelos regentes dos coros. Você saberia descrever e defender as características de uma sala de ensaio adequada para seus empregadores?

Indico por exemplo, como leitura complementar e embasamento técnico geral, bem como o conhecimento dos termos específicos da engenharia civil, a dissertação de mestrado:

PATRÃO, Artur José Alves. Caracterização Acústica de Salas de Ensaio- Estudo de Casos. Disponível em:

<https://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/58785/1/000145319.pdf>Acesso em: 08 de abril de 2018.

Toda incursão que fiz no campo da acústica, foi pela necessidade de compreender melhor os fundamentos para que os coros da Academia Concerto fossem bem orientados e tivessem bom desempenho nas apresentações. Não é necessário dominar fórmulas mas ter noções em geral e a leitura do estudo de casos, como na dissertação citada, contribui muito para isto.

5


Posicionamento incorreto do coro nos ensaios e apresentações. Todos se ouvem bem? Considere o seguinte exemplo: muitas vezes na formação tradicional em filas, se o seu naipe de baixos é pequeno e fica sempre posicionado num canto da fila de trás, fica difícil para que todos ouçam as notas graves da base harmônica e isso compromete a afinação.  Para corrigir isto, os baixos podem ficar no meio do coro, e assim todos vão ouvir. O mesmo tipo de posicionamento pode ser usado para os contraltos.

É interessante verificar que o coro pode alcançar um ótimo nível de ajuste interno das vozes numa peça e na outra derrapar completamente.  Fatores objetivos e subjetivos contribuem para este fenômeno.  Uma vez alcançado um bom nível de afinação para um repertório não significa que isso será mantido para o próximo. O trabalho do regente deve se manter constante e persistente na mesma direção.

É um trabalho de Educação Musical e isso demanda tempo e paciência na construção sonora.

O fator afinação coral é um dos objetivos mais difíceis de se alcançar no âmbito geral do trabalho, pois requer a administração e capacidade do regente em  fazer a gestão do material vocal disponível, através da competência em equilibrar a sonoridade coral. Leia mais neste post.

Agora é a sua vez! Mãos à obra para trabalhar a afinação do seu coro!

Escreva para mim nos comentários seus resultados ou suas dúvidas!

Acompanhe a continuação no próximo post, “SEU CORO DESAFINA?” – Parte 2. Inscreva-se abaixo para receber nossas atualizações!

Até breve!

Sou Lana Bernardes, maestrina

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Tive minha primeira experiência com a regência coral aos 11 anos no coro juvenil da igreja, numa substituição de emergência. Depois daquele, muitos outros finais de semana vieram em que tive que responder: “Não posso sair…tenho ensaio!”. Durante esse tempo construí minha experiência como coralista e regente, investindo na minha paixão pelo canto coral. Sou formada em Regência Coral, uma das fundadoras da Academia Concerto, onde tenho a oportunidade de treinar e ajudar pessoas comuns a chegar aos palcos e até representar o Brasil em Festivais Internacionais. Atuo ainda como Empreendedora Digital e sou especialista em levar seu coro ao próximo nível, sem perda de tempo e com qualidade!

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8 comentários em “Seu coro desafina? Parte 1

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