Blog Academia Concerto

Olá tudo bem?

Semana passada, aproveitando o clima da Copa do Mundo, fizemos algumas analogias entre Futebol e Música Coral. Hoje vamos continuar no mesmo tema.

Se você não leu o primeiro artigo clique AQUI.

Dia 08 de julho de 2018 fez 4 anos que fomos atropelados pela tragédia futebolística. E ainda estamos com aquele gosto característico de “cabo de guarda-chuva” na boca, após a eliminação da última sexta-feira para a Bélgica.

Como toda equipe, seu coro deve estar preparado e ter estrutura musical e emocional para lidar com a falha, com os erros e os fracassos.

Isso não é tão simples, já que passamos semanas e meses ensaiando e repetindo os trechos, buscando o resultado musical e os aplausos. Muito treino de técnica vocal, muitas “broncas” para correções, muita cobrança e expectativa. Isso faz parte do “jogo”.

Só que quando algo não sai como o esperado, a tendências dos coros é colocar tudo a perder! A atividade coral é extremamente orgânica e interativa. Basta um dos componentes se desestabilizar e o “efeito dominó” acontece!

Coral em dia difícil

Quem nunca…

…esqueceu de dar uma entrada para um naipe e todos ficaram olhando para você, congelados, sem cantar nada?

…precisou parar uma música no meio porque ninguém estava se achando?

…viu o coro desabar no último e apoteótico acorde da peça mais exuberante do seu programa – a ponto da plateia demorar para aplaudir por não saber se a peça acabava daquele jeito mesmo ou se estava realmente feio?

…ouviu um solista entrar no meio de uma peça que estava soando lindamente e cantar tão mal que quando o coro voltou a cantar, estavam todos perdidos?

…teve uma peça destruída pelo pianista que tocou mal, mesmo o coro cantando impecavelmente sua parte?

… entrou no palco e descobriu que só havia 3 pessoas na plateia: sua mãe, a pessoa que promoveu o concerto e o motorista do ônibus?

… fez um último ensaio perfeito mas quando o coro abriu a boca na primeira música da apresentação, você descobre que nada do que foi ensaiado está soado como deveria?

ajudar o coral a continuar

Aposto que na sua cabeça devem estar passando mais outras tantas “tragédias” pelas quais todos nós passamos com nossos coros! Bom, eu devo acrescentar que já passamos por situações como estas na Academia Concerto.

Uma boa equipe precisa ser preparada musical e emocionalmente para assimilar falhas e derrotas, ter capacidade de recuperação e não deixar que essas falhas inviabilizem e comprometam o trabalho como um todo.

Quando o coro erra uma nota, um acorde ou uma entrada no meio de uma peça, ele precisa reencontrar o equilíbrio, dominar a situação, passar por cima e entregar o restante da música impecavelmente ao ponto que, ao final, a passagem errada não seja nem lembrada pelo público!

É como o jogador que perde aquele gol “feito”, sem goleiro, ou perde o pênalti. Ele deve buscar se recuperar mentalmente, voltar a jogar da melhor maneira e fazer DOIS!  O que ele perdeu e mais um!

Uma peça inteira soando desastrosamente é, talvez, uma das maiores tragédias para um regente. Eu acho que é como tomar um gol num jogo que você não pode perder. Afeta toda a equipe! Muitas vezes o time vinha jogando bem e estava quase marcando quando surge o gol contrário e desestrutura o time! Se o coro vinha cantando bem na apresentação, uma peça mal cantada pode ter o mesmo efeito!

Quando você rege um coro, lida com:

as suas expectativas como regente,

as expectativas dos seus coralistas que se empenharam na  preparação e com

as expectativas do público que saiu de casa para assistir seu trabalho.

Quando a falha acontece isso tudo é frustrado e você tem que estar preparado para administrar a situação.

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COMO AGIR?

1. Não Entre Em Pânico!


Você é o “motorista” do ônibus e seus cantores, os passageiros. Se não tiver sangue frio para controlar o volante numa emergência, todos vão parar ladeira abaixo e ainda atropelar o público no caminho! Se algo de errado acontecer, quando o coro olhar para a regência, deve sentir que há alguém no comando que sabe o que fazer.

2. Não Lave A Roupa Suja No Palco!


Controle-se e evite dar broncas durante a música, muito menos nos intervalos das músicas. Deixe para tratarem disto no próximo ensaio. Esse comportamento, além de não resolver o erro, só alimenta o nervosismo do coro e pode comprometer o que vem pela frente.

O melhor modo de contornar uma situação adversa com o coro é mostrar que, apesar do problema, você ainda está no controle. Em sua regência e atitude passe a mensagem de que o coro é capaz de continuar e superar o erro. Na hora da apresentação isso é melhor do que dar uma bronca. E quando eles olham pra sua regência e você passa segurança e não medo ou cobrança, eles se sentirão mais capazes para contornar aquela situação.

3. Seja Sincero!


Não adianta fazer de conta que nada aconteceu ou que não ouviu aquela passagem errada. Uma “piscadinha de olho”, uma “leve careta”  ou aquela “olhada de canto de olho” para dizer “sim eu ouvi, estava errado, mas tudo bem! Vamos em frente!” – é o suficiente. Sinalize que está ciente do erro, está no controle, tomará providência e tudo vai dar certo no final.

4. Passe Instruções


Na hora da emergência, comunicação é tudo! Imaginar que só o seu gestual salvará o coro numa crise, não dá! Muitas vezes passar instruções mais diretas (além das que você passa na regência) ajudam a salvar uma situação.

Se um naipe se perder, por exemplo, uma possibilidade é fazer mímica com a boca indicando:“olhem pra mim na próxima entrada!”. Traga o gesto para frente do seu peito (para o público não ver) e faça sinais com a mão por exemplo. No intervalo entre uma peça e outra você pode até caminhar na direção do coro e falar poucas palavras, num volume baixo. Use seu olhar e expressão facial para comunicar mensagens como “calma está tudo bem” ou “cuidado, algo está errado ai neste naipe”.

Muito cuidado com o socorro vocal! Nós publicamos este artigo AQUI sobre a “polêmica” do regente cantar ou não com o coro. Numa situação de desespero, nosso reflexo é usar o mesmo meio de expressão do coro (a voz cantada) para socorrer o naipe em perigo, passar a informação musical correta e tentar transmitir segurança.

Bom, não vou dizer que isto é impossível, mas, a probabilidade disto dar errado é muito grande. Veja: se há um naipe de 8 sopranos com problemas na apresentação, imagine o volume que você vai ter que cantar para ser ouvido, ter precisão e para que a correção seja eficaz! E se for um regente barítono, como eu, pior ainda! Você mesmo estará sob o stress da situação e a chance de cantar mal e/ou cantar errado é muito grande! Esse recurso deve ser usado com muita cautela.

Coral com dificuldades pare a aprensentação
Se as coisas estão indo mal na apresentação – pare, deixe o coro respirar e passe instruções!

5. Deixe O Coro Respirar


Ufa! Conseguiram terminar a peça problemática? Entre mortos e feridos, salvaram-se todos? Agora antes de seguir, dê um tempo para o coro se refazer e colocar a cabeça e a voz no lugar. Como se você pedisse um tempo técnico ou fizesse aquela substituição estratégica pra ganhar um minuto com o jogo parado. Vire para o público, fale sobre a próxima peça, agradeça aos patrocinadores ou até conte uma piada! Ao voltar para o coro, sorria, respire fundo, passe segurança e confiança para terminar o programa.

6. Pára Tudo!!


Se tentou todos os recursos para ajudar o coro a achar o caminho da peça e nada adiantou, não pense duas vezes: pare imediatamente! Insistir em continuar cantando na esperança de que o coro se ache antes do final, só vai servir para expôr ainda mais o coro e sujeitar os ouvidos do público à música mal cantada!

Pare, coloque em prática o que sugeri nos tópicos acima: aja naturalmente, passe instruções para o coro, dê um tempo para que se recuperarem, deixe-os seguros e tente mais uma vez.

Se por acaso na segunda tentativa o coro voltar a desandar e a coisa ficar feia de novo, aborte definitivamente a peça! Não insista mais do que duas vezes. Isso é abusar da paciência do público. Melhor não apresentar peça nenhuma do que apresentar musica ruim!

Ainda sobre isso, vale uma última recomendação: sabe aquele ensaio ou passagem de som antes da apresentação? Se alguma peça estiver caótica, ali, a poucos minutos da apresentação, já tire do programa! Nunca caia na armadilha de achar que “na hora com a adrenalina e com o público, a coisa vai sair!” – pense: se o coro estava errando quando estava sozinho, não será com a pressão da presença do público que as coisas vão se arrumar. A chance de um 7×1 é grande!

“O problema não é errar e sim não saber o que fazer com o erro!”

 

Passados estes 4 anos acho que aprendemos muitas lições com o 7×1, mas não todas que seriam necessárias. Mas desta vez, em 2018, acho que nos saímos melhor do que em 2014.

Seu coro e você tem que estar preparados para buscar a bola dentro do gol, respirar e buscar o resultado para virar o jogo. Terminada a partida, avaliar, diagnosticar e corrigir. Não deixe eles se entregarem.

Eu tive a oportunidade de fazer um curso com um sábio e experiente regente coral americano, Dr. Eph Ely. O tempo todo ele bateu na mesma tecla: “ATITUDE é tudo em regência coral!”. Com atitude, um erro pode passar despercebido pelo público e você e o coro podem evitar que a coisa vire um 7×1!

Depende de você, meu caro regente, colocar sua equipe em campo pronta para buscar o resultado!

Coral com sucesso


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Semana que vem a Lana estará de volta com mais um artigo!

Bons ensaios e apresentações!

 

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Sou Altamiro Bernardes, maestro –
Academia Concerto Altamiro Bernardes

Trabalho há mais de 30 anos regendo corais. Tive minha formação como pianista e depois também estudei cravo. Foi através da Música Antiga que cheguei à Europa e, ali, tomei contato com uma sonoridade coral que me encantou! De volta ao Brasil fui estudar regência e buscar o desenvolvimento de um método de trabalho que, dentro da realidade brasileira, me proporcionasse ferramentas para trabalhar e alcançar resultados de alto nível. Em 2005 fui um dos fundadores da Academia Concerto e sou o Diretor Artístico nos últimos 13 anos. Meu trabalho tem sido preparar coros profissionais e amadores para concertos, festivais, turnês e concursos internacionais. Agora quero compartilhar com você os meus métodos de trabalho, que alcançaram 6 prêmios na Europa, reconhecimento no Brasil e ajudar o seu coro a alcançar o próximo nível!
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