Olá tudo bem?
Sempre digo aos meus alunos de regência na Academia de Regência e no Conservatório de Tatuí, que o ensaio deve ser o foco de todo o nosso trabalho. Tudo o que acontece ali é levado para a apresentação, para o bem ou para o mal.
Entra semana, sai semana, a rotina faz com que a gente deixe passar detalhes na dinâmica de ensaio, cujos reflexos só irão aparecer quando o coro abrir a boca para o público… e pode não soar como deveria.
Quero ajudar você hoje a prestar atenção nestes 5 pontos:
1. Não flexibilize horários
Quando vamos iniciar os ensaios pontualmente e olhamos muitas cadeiras vazias (pra não dizer a maioria), é muito tentador não usar o velho recurso: “vamos dar mais uns minutinhos para o pessoal chegar” – e lá se vão 5, 10, 15 ou 30 valiosos minutos do ensaio.
E quem nunca lidou com aqueles cantores que se levantam antes do horário, bem quando você vai fazer aquela passada de recapitulação com os argumentos clássicos: “preciso pegar o ônibus!”, “meu marido vem me buscar e não gosta de esperar”, “tenho prova amanhã”, e o pior de todos: “Hoje tem jogo!” – uma sina para quem, como eu, ensaia um coro só de homens às quartas-feiras à noite!
Se o seu cantor não tem o mínimo de disciplina para ser pontual, você acha que ele terá disciplina para cantar uma nota de 4 tempos, por exatos 4 TEMPOS? Será que ele será capaz de afinar, seguir a regência, manter o andamento, timbrar com o coro ou ter precisão na dicção?
Música exige disciplina – flexibilizar a pontualidade, será arriscado para o regente, que não pode flexibilizar aspectos como afinação, precisão, timbre, etc.
Quando se atrasa o início do ensaio em favor dos retardatários, acabamos por desvalorizar os pontuais! Isso desestimula a pontualidade e gera mais retardatários.
Esticar o ensaio além do horário tem o mesmo efeito. Não adianta tentar recuperar, no fim, os minutos perdidos no início. Você estará descumprindo o horário combinado. Não pense que 30 minutos a mais no final, recuperam os 30 perdidos no início. Ensaio de coro não é “banco de horas” – o rendimento não é o mesmo!
DICA: tenha sempre atividades “na manga”, que possam ser realizadas com qualquer número de cantores no inicio dos ensaios. Assim não dependerá de ter a maioria para começar. Comece com quem estiver no horário!

2. Não antecipe erros
Um dos meus grandes “gurus” na regência sempre dizia nas aulas: “Dê a chance para o coro errar antes de corrigir!”
Na pressa em aprontar uma música, muitas vezes os regentes antecipam os problemas, antes mesmo do coro cantar. Ex.: “Cuidado, aqui neste compasso tem uma modulação difícil e a afinação vai cair!”
É muito importante você ouvir o coro antes de apontar os erros. Ainda que, pela sua experiência e conhecimento do grupo, você já preveja onde estão os pontos fracos.
Ao antecipar falhas, você pode induzir o coro ao erro, sem antes ele tentar acertar ! Reforce a confiança e autoestima do coro dando esta chance. Mostre que confia na capacidade deles cantarem certo!
Eu sei que nem todos os coros tem autonomia de leitura suficiente para fazer leituras do começo ao fim de novas peças. Tente sempre deixar o coro cantar o máximo que conseguir.
Para as peças que já foram ensaiadas ou estão lidas, proponha que cantem pelo menos uma vez do início ao fim (ou trechos) sem interrupções, antes de iniciar as correções.

3. Não leia a música na frente do coro
Parece uma coisa básica e óbvia, mas infelizmente não é!
Como eu disse no artigo da semana passada (se ainda não leu clique AQUI ), nós, que vivemos da regência em tempo integral, temos que nos desdobrar em dias de “29 horas” ou mais. E aqueles que dividem o trabalho coral com outras atividades, precisam fazer uma boa gestão do tempo.
Não é difícil chegar a hora do ensaio e você não ter conseguido estudar a peça que vai ensaiar.
Primeira consideração: isto é uma falta de respeito com aquelas pessoas que deixam suas casas, suas famílias, suas atividades e sentam na sua frente esperando ensino, orientação e treinamento!
Se você está ali lendo com eles naquele momento, você deixa de ser o regente, passa a ser outro coralista estudando uma partitura em grupo – é completamente diferente do que se espera de um regente. Independentemente de ser pago para isso ou não!
Segunda consideração: o regente tem que estar 100% disponível para o coro no momento do ensaio. Quando você, na frente do coro, está lendo notas com a cara na partitura, socando o piano para achar um intervalo, gaguejando a pronúncia em língua estrangeira, ignorando dinâmicas, agógicas, mudanças de andamento, fraseados, articulações, etc., não vai conseguir fazer o mais importante: OUVIR O CORO!
Seu cérebro dará prioridade para aprender o que não sabe, e não estará disponível para ouvir com precisão e critério, diagnosticar e avaliar para depois corrigir e orientar.
Não tem como fazer um trabalho de alto nível como regente, sem dominar totalmente a peça antes de chegar ao ensaio.
Pessoalmente, se não me preparei ou tenho insegurança numa peça, prefiro não ensaia-la!

4. Não perca o foco do ensaio
Você já deve ter percebido que em meus artigos, uso algumas estratégias pedagógicas como analogias, histórias e humor. Quem já cantou comigo sabe que em meus ensaios faço do mesmo modo.
Também já escrevemos no BLOG sobre o uso de recursos de apoio no trabalho com o coro. Clique AQUI para ler.
Tenha sempre cuidado para que tudo que for “extra-musical” tenha relação direta com o que está sendo trabalhado.Toda piada, história, figura, vídeo, dinâmica, coffee break, tem que ter um objetivo, e isto tem que ficar claro para o coro.
É fácil perder o foco do ensaio e fazer aquele momento se transformar numa terapia ocupacional, fórum de política, stand up, lavagem de roupa suja, mesa redonda de futebol, etc.
Um ensaio é uma atividade em que a sinergia interpessoal é muito forte e as pessoas se sentem “a vontade” para extravasar.
Na Academia Concerto nós prezamos muito pelo foco e concentração nos ensaios. Isto não quer dizer um ensaio espartano e rígido. Precisamos de um ambiente leve e propício ao aprendizado, mas sem foco e concentração não se aprende nada.
Lembre-se: se o seu coro não se concentra no ensaio, não será na hora da apresentação que isto vai acontecer! Este condicionamento vem do ensaio.

5. Não faça nada por fazer
Cuidado para não transformar seu ensaio numa rotina mecânica. Isto é um veneno para seu coro!
Quando você escolhe um exercício para a preparação vocal (geralmente a mesma tooooda semana, meses a fio), não pode ter sido usada só pelo fato de ser “aquela que você cantava na sua aula de canto a “trocentos” anos atrás”.
Leia o que já escrevemos sobre preparação vocal clicando AQUI e AQUI.
A música nova não pode ser apenas aquela que você leu num curso de fim-de-semana.
A sua dinâmica de ensaio não pode ser toda semana: 10 minutos de vocalização, primeira peça, segunda peça, cafezinho, terceira peça, aniversariantes, avisos e boa noite.
Todas as etapas de um ensaio precisam ter um objetivo definido, uma estratégia planejada e um resultado como meta! Não é um trabalho que deve ser feito por fazer.
Por mais amador que seu coro seja, vai perceber e vai reagir a isto.
Se o regente ensaia por ensaiar, eles vão cantar por cantar. Isto é um reflexo natural.
Quando se tem definido o que fazer no ensaio, como reflexo, o coro terá o som igualmente definido.
Na página principal do nosso BLOG estão outros assuntos que podem ajudar seu coro!
ATENÇÃO!
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ACADEMIA DE REGÊNCIA
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Sou Altamiro Bernardes, maestro –
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Muito legal, Altamiro!
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