Eis aqui uma estratégia pouco usada nos ensaios de coros em geral e que pode melhorar, e muito, a qualidade do som do seu coro.
Ensaios de naipe são mais comuns nas orquestras devido à natureza diversa de cada naipe e suas respectivas especificidades.
No contexto do coro todos são cantores e o regente pode ter a falsa sensação que é tudo “igual”. É importante e necessário redirecionar a mentalidade do que um coro de fato é, enxergar o coro também composto por “seções” de vozes com características e necessidades próprias, e agir de acordo com esta realidade.
Todas as vezes que investimos nesta estratégia na Academia Concerto, fomos bem sucedidos, principalmente com os coros amadores de todas as faixas etárias. Mas mesmo em nosso coro profissional esta estratégia é utilizada.
Algumas Vantagens:
> Num grupo reduzido o regente tem a chance de fazer um diagnóstico mais preciso dos problemas musicais que precisam ser solucionados nos próximos ensaios.
>> Trabalho concentrado para solucionar demandas específicas do naipe, de acordo com as dificuldades encontradas no próprio repertório como a resolução de trechos harmonicamente mais complexos, ajuste da entoação de intervalos pouco intuitivos, ajustes de articulação e respiração.
>> Direcionamento da homogeneidade do timbre do naipe, além de padronização de vogais, da articulação e retomadas da respiração.
>> Contato direto com cada cantor, possibilitando identificação dos que têm mais dificuldade, resolução de dúvidas.
>> Evita a dispersão dos outros naipes enquanto é necessário dar atenção especial a uma voz por um tempo prolongado.
>> Melhoram a confiança e autoestima dos componentes dos naipes, o que contribui para o desenvolvimento da “experiência do usuário”, expressão que tenho abordado em outros artigos deste blog, aplicando ao contexto do coro.
Estratégias:
>> Evite fazer um “mini ensaio geral”. Repasse os trechos de maior dificuldade com foco na resolução de problemas, fazendo boa gestão do tempo disponível para o ensaio de naipe.
>> O ensaio de naipe pode ser para leitura das notas – mas também pode ser para treinamento técnico e aumento da qualidade geral das vozes do grupo. Ampliando o conceito, a depender do repertório, fazer um ensaio apenas das vozes agudas ou graves pode ser uma boa estratégia (sopranos com tenores ou contraltos com baixos), além de oferecer referência harmônica aos grupos. Pode ser também ensaio de naipe das vozes femininas ou das masculinas, por exemplo.
>> Priorize o ensaio de naipe como um ensaio à parte do ensaio geral, mas não havendo possibilidade, pode ser realizado no horário do ensaio semanal mas voltado para atender os naipes, distribuídos em salas de apoio. O regente precisará dividir tarefas com assistentes ou monitores de naipe, neste caso.
Ao delegar o ensaio de naipes para assistentes ou monitores, tenha certeza de que eles esteja capacitados para reproduzir o trabalho que você mesmo faria. Caso contrário, em vez de você resolver os problemas, vai multiplica-los!
>> O ensaio de naipe pode ser uma PARTE do ensaio geral da semana, dividido da seguinte forma: Preparação vocal em conjunto + ensaio em naipes + ensaio geral (das partes ensaiadas nos naipes).
>> O ensaio de naipe também pode ser realizado em outro local (já que o grupo é menor) – como por exemplo a casa de um dos integrantes do naipe.
>> Ensaie as vozes com o apoio de um piano ou teclado mas também, ouça apenas as vozes sem apoio do instrumento. Aproveite esse tempo único com seus cantores e encoraje-os a cantar a cappella.
>> Trabalhe com uma agenda mensal e divulgue no início do mês ou antes. Todos precisam de programação antecipada para ir ao ensaio de naipe no dia combinado. Divulgue também o que será ensaiado em cada ensaio. Remanejamento de compromissos pode ser necessário e por isto é importante ter as datas propostas o quanto antes nas mãos dos cantores.
> Se você trabalha um repertório que tenha “divisi” (sop1 + sop2 + ctr1 + ctr2 + tn1 + tn2 + br + bx), em peças a mais de 4 vozes, é mais um motivo para trabalhar ensaios de naipe. Encare cada um desses “divisi” como um naipe específico e trabalhe individualmente.
O tempo empenhado em ensaios de naipe vai lhe economizar tempo dos ensaios gerais e trará resultados no equilíbrio, consistência musical e precisão do coro.
Muito bem! Agora é com você! Mãos à obra em seus ensaios de naipe!
ATENÇÃO!
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Sou Lana Bernardes, maestrina –
Tive minha primeira experiência com a regência coral aos 11 anos no coro juvenil da igreja, numa substituição de emergência. Depois daquele, muitos outros finais de semana vieram em que tive que responder: “Não posso sair…tenho ensaio!”. Durante esse tempo construí minha experiência como coralista e regente, investindo na minha paixão pelo canto coral. Sou graduada em Regência Coral, uma das fundadoras da Academia Concerto, onde tenho a oportunidade de treinar e ajudar pessoas comuns a chegar aos palcos e até representar o Brasil em Festivais Internacionais. Atuo ainda como Empreendedora Digital e sou especialista em levar seu coro ao próximo nível, sem perda de tempo e com qualidade!
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