Olá, tudo bem?
Vou continuar enumerando pontos que devem ser evitados nos ensaios a todo custo.
Lembre-se: o ensaio é a nossa “mesa de trabalho”!
Tudo o que acontece numa apresentação é reflexo e resultado do ensaio.
E tudo o que NÃO ACONTECE, também!
Por isto mesmo na Academia Concerto, todo nosso foco está nos ensaios. Isso garante que quando um de nossos coros for para o palco, o resultado estará lá.
Se você ainda não leu o primeiro artigo sobre este assunto clique AQUI
1. Não Aponte Erros Sem Dar a Causa e a Solução
O ato de ensaiar deve estar baseado no seguinte fluxo:
O que mais acontece é o regente parar no segundo ponto: diagnosticar o erro . Isto não levará seu coro a lugar algum. Se não há explicação do por quê erraram e orientação para não repetir o erro,eles continuarão errando – simples assim.
2 exemplos práticos:

2. Não Deixe de Elogiar
Quando estudava na Europa tive um professor que me ensinou o seguinte: “sempre após passar um trecho com o coro, a primeira manifestação sua deve ser ressaltar algo de positivo antes de apontar um erro a ser corrigido.”
Quando você usa o reforço positivo, estimulará o coro a buscar o acerto!
Quando você usa o reforço negativo, levar o coro a acertar pelo medo do erro!
São duas coisas diferentes, com resultados sonoros diferentes.
Se o seu coro vai para uma apresentação com medo de errar, fatalmente ele VAI ERRAR!
Essa cobrança não é saudável. Eles não vão soar como poderiam.
Mas se o coro vai para uma apresentação buscando o acerto, aí as chances deles se superarem e apresentarem algo notável são maiores.
Ao terminar de ouvir o coro no ensaio procure sempre se manifestar primeiramente com o que você ouviu de bom – e se não ouviu nada de bom, dê um jeito e ACHE ALGUMA COISA POSITIVA!
“Nossa que legal!”
“Gostei do que ouvi!”
“Agora sim estamos fazendo música hein?!”
“Puxa que som gostoso!”
…e em seguida emende MAS…
“Cuidado ali com aquelas notas erradas”
“Aquele acorde não fechou afinado”
“O timbre de vocês neste trecho poderia estar melhor”
Nunca se esqueça de que, o bom regente é aquele que sabe:
incentivar,
inspirar e principalmente
conquistar seus cantores
para buscar um trabalho musical de qualidade!

3. Não Deixe Faltar Material de Ensaio
A falta de uma simples cópia da partitura pode fazer um dos seus cantores ter que ensaiar “pescoçando” a partitura do vizinho!
Pense no tempo empenhado para trabalhar a postura e agora por falta de “papel” um ou mais cantores vão ensaiar tortos!
Isto não pode acontecer de jeito nenhum!
Além de ensaiar torto, seu cantor desviará o olhar da sua regência. Não apenas um, mas dois cantores terão seu rendimento de ensaio prejudicado.
Isso foi só um exemplo de como a falta de algum item de ensaio pode prejudicar o resultado do seu trabalho.
Por este motivo faça uma “checklist” de itens essenciais para o bom andamento dos ensaios e providencie um “backup” de tudo para eventuais faltas ou falhas.
. Cópias extras das partituras
.Cadeiras em número superior ao número de cantores.
. Lápis com borracha na ponta para anotações na partitura.
. Suprimento de água.
. Se o ensaio é com piano digital ou teclado tenha sempre uma fonte sobressalente.
. Caixa amplificada – outro item que sempre nos deixa na mão.
. Marcadores e apagadores para quadro-branco.
. No caso de utilizar recursos eletrônicos de áudio e vídeo providencie cabos, extensões, adaptadores e pilhas para reposição.
. Veja o que mais na sua realidade e dinâmica de ensaio não pode faltar e providencie sempre material de reposição.
Nós regentes temos a tendência a focar na musica e nas notas. Deixamos passar aspectos não musicais que podem interferir no resultado dos ensaios.
Lembre-se: quando alguma coisa falta ou funciona mal no ensaio, não só os cantores são prejudicados mas VOCÊ também perde tempo, concentração e foco.

4. Nunca “Enrole” o Coro No Ensaio!
Quem nunca pegou um taxi e entrou em pânico ao perceber que o motorista ficou o trajeto todo consultando o GPS, um mapa, ou ainda pior, parou para perguntar o caminho num posto?
Essa sensação horrível é a mesma que seus cantores sentem quando percebem que você falhou e esta agindo como se nada tivesse acontecido!
Eu prefiro mil vezes que o taxista vire para trás e seja honesto: “Olha eu não sei onde fica esta rua, MAS vou procurar saber e chegaremos lá!”.
A honestidade dele vai me deixar muito mais seguro para que ele me conduza.
Quando o regente não sabe algo ou falha na frente do coro durante o ensaio nunca deve tentar “enrolar” o grupo como se nada estivesse acontecendo.
Existe uma autocobrança de que o “maestro” tem que saber todas as coisas e ser capaz de fazer absolutamente tudo com perfeição. No caso disto não acontecer somos desmoralizados e perdemos o emprego.
Não caia nessa neura!
Eu considero o termo “maestro” muito mais no sentido de “professor” que ensina, treina e capacita do que de um “mestre” infalível e que sabe todas as respostas.
Quando o regente errar ou falhar no ensaio não deve se cobrar demasiadamente. Isto vai gerar tensão, perda de concentração e pode fazer com que você erre ainda mais!
Encare de modo natural, assuma que errou, “ops!” Volte e faça direito. Segue o jogo!
Eu geralmente até brinco com meus erros, falhas e esquecimentos no ensaio.
PORÉM existe uma diferença entre RECONHECER o erro e ACEITAR o erro.
Quando o regente erra e assume e supera o erro, ele ganha RESPEITO, autoridade e liderança perante o coro.
Quando o regente erra e faz de conta de que não errou, ele perde autoridade e liderança perante o coro.
Quando o regente erra, e ele nem percebe que errou e CONTINUA ERRANDO, aí, me desculpem, ele não é regente e nem merece estar à frente de um coro! (seja qual for).

5. Não Cobre o Coro Além Do Que Ele Pode Oferecer
Ao interromper o ensaio para cobrar um erro ou um resultado esperado que não foi de acordo, o regente precisa ter a consciência se os MEIOS necessários foram oferecidos ao cantor.
O que são MEIOS?
São as condições que foram oferecidas para que determinado resultado fosse alcançado.
Exemplos:
>> Não se pode cobrar projeção (volume) num “mi grave” (mi2) de um naipe de “baixos” formado por barítonos improvisados. O mesmo vale para agudos leves num naipe de tenor formado por barítonos.
>> Não se pode cobrar precisão rítmica de um coro que ensaia numa sala com reverberação excessiva ( muito eco).
>> Não se pode cobrar pontualidade do cantor se o local do ensaio é de difícil acesso e mal suprido de transporte público. Tão pouco obrigá-lo a ficar até o final.
>> Não se pode cobrar qualidade vocal se o ensaio começou atrasado e a preparação vocal foi mal feita, ou o que é pior, nem foi feita.
>> Não se pode cobrar uma soprano de alcançar uma nota extremamente aguda, se ela nunca passou por uma classificação vocal adequada para saber se ela é realmente uma soprano.
>> Não se pode cobrar uma interpretação maravilhosa e inesquecível de uma peça cuja letra não faz sentido para o coro ou o arranjo seja mal feito.
>> Não se pode cobrar o coro por não seguir sua regência se você rege tocando um teclado.
>> Não se pode cobrar o coro de cantar o texto errado se a cópia da partitura fornecida é apagada, e a sala de ensaio é mal iluminada.
E a lista é muuuuuuito grande…
Antes das cobranças é necessário avaliar se os meios foram oferecidos.
Sem os meios corretos nos exemplos acima, o regente pode morrer de cobrar e os resultados não virão nunca!
AGORA: se os cantores tiveram acesso aos meios necessários, os resultados DEVEM ser cobrados! Caso contrário o coro vai patinar, no mesmo lugar, eternamente.
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Sou Altamiro Bernardes, maestro –
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